Conheça a origem do Tratado da Verdadeira Devoção, de São
Luís Maria, este tesouro que permaneceu escondido durante 130 anos. São Luís Maria Grignion de Montfort escreveu o “Tratado da
Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem“, que tem como origem entre os anos de
1712 e 1713. Nos anos sucessivos, durante a Revolução Francesa, os “dias do
terror”, em Saint Laurent-Sur-Sèvre, a residência da família Monfortana foi
ameaçada de um incêndio das “colunas infernais”. Por causa das perseguições, a
Comunidade precisou colocar em um lugar seguro as coisas mais importantes,
especialmente os manuscritos do Fundador. Montfort, como sabemos, havia predito
a ira cheia de raiva do demônio avançar contra o seu próprio livro (cf. TVD
114).
Quando terminou a tempestade da Revolução Francesa, aqueles
manuscritos foram tirados do sepulcro e colocados na biblioteca comum. Eram já
mortos os primeiros herdeiros de Montfort e tinha se perdido a memória do escrito
do Santo. Mãos inexperientes o tiraram junto com outros livros da escuridão
daquele baú, mas sem reconhecer o precioso escrito. Por isso, o Tratado
permaneceu anos e anos misturado com muitos outros livros, estragados e
faltando partes.
Em 1842, Padre Rauterau, bibliotecário da Comunidade
monfortina, encontrou o manuscrito, reconhecendo nele o pensamento do Fundador
imediatamente o entregou ao Superior geral Padre Dalin, que reconhecendo
perfeitamente a escritura do venerável fundador, convocou no mesmo instante a
reunião das Comunidades dos Missionários Monfortinos, as Filhas da Sabedoria e
os Irmãos de São Gabriel e disse simplesmente assim: “Encontramos um tesouro!”.
Sabe-se que a descoberta do precioso manuscrito interessou
logo a diversas pessoas “constituídas em dignidade”, que desejaram obter uma
cópia. Diversos sacerdotes da região, os religiosos e as religiosas quiseram
conhecê-lo. O trabalho foi confiado às noviças das Filhas da Sabedoria que o
copiaram em diversos exemplares. O manuscrito foi então entregue ao Bispo de
Luçon que depois de ter examinado a caligrafia o enviou a Roma onde já estava
em curso a causa da beatificação do venerável Servo de Deus.
O escrito não tinha nenhum título e se percebeu que lhe
faltavam 8 páginas ao início e ao menos uma no final. Foi escolhido um título,
o atual, que se transformou em tradicional. As edições se multiplicaram em
ritmo acelerado. Hoje se sabe que a obra já superou 400 edições. Foi definida
“o segredo de espiritualidade vivido por um Santo”, um verdadeiro tesouro.
Muitos santos e beatos, fundadores e sacerdotes, diretores de almas, religiosos
e leigos, ali encontraram um verdadeiro tesouro de santidade.
Repensando o escondimento e reencontro do Tratado, nos faz
refletir sobre a alegria do homem que encontra o tesouro no campo e vende todos
os seus bens para comprar aquele campo (cf. Mt 13, 44). É mais que atual a
exortação do Papa Pio XII: “Fazei conhecer esse pequeno livro!”. Um pequeno
escrito, de fato, mas que iluminou o caminho de grandes almas. João Paulo II, o
Papa do “Totus tuus”, em 1997, em ocasião do aniversário da canonização de São
Luís de Montfort (20 de julho de 1947), disse: “Este tesouro não deve
permanecer escondido!”. Assim, o tesouro que o maligno queria esconder, os
santos o descobriram, compreenderam o seu valor e sentiram o desejo de fazê-lo
conhecido.
No livro “Amor da Eterna Sabedoria”, Montfort diz: “Felizes os que
compreendem estas verdades eternas! Mais felizes aqueles que acreditam, que as
colocam em prática e as ensinam aos outros. Brilharão como estrelas no céu por
toda a eternidade”.
Padre Giovanni Maria Personeni, SMM