São Luís Maria Grignion de Montfort, em seu Tratado da Verdadeira Devoção à Maria Santíssima, quanto às práticas particulares desta devoção, no artigo 230, faz referência as palavras de Santo Agostinho: "Senhor que eu Vos Conheça!" ou então: "Senhor, fazei que eu veja quem sois Vós".
Contudo, toda alma, é necessário conhecer-se, no entanto, conhecer o Senhor. A consagração a Jesus por meio de Nossa
Senhora nos leva a essa intimidade com o Senhor, e Ele nos revela quem somos,
ou seja, o que há de mal em nós e o que de bom Deus nos concede vivenciar e
experimentar. Portanto, é necessário esvaziar-se do espírito do mundo e encher-se
de Jesus Cristo por meio da Santíssima Virgem Maria.
Na primeira Carta aos Coríntios São Paulo nos
diz: "Agora, nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito de Deus
para conhecer aquilo que Deus nos deu. Desta nós falamos, com palavras não
sugeridas pela sabedoria humana, mas sim, ensinadas pelo Espírito, exprimindo
coisas espirituais em termos espirituais" (2,2-12). Com o seu habitar na
nossa fragilidade humana, o Espírito Santo nos transforma, intercede por nós,
nos conduz às alturas de Deus (Rom 8,26).
Com a Consagração de si por meio
da Santíssima Virgem Maria, experimentamos a liberdade doada pelo Espírito: uma
liberdade autêntica, que é liberdade do
mal e do pecado, para o bem e para a vida, para Deus. A liberdade do Espírito,
continua São Paulo, não se identifica nunca com a libertinagem, nem com a
possibilidade de fazer a escolha pelo mal, mas sim, com o fruto do Espírito que
é amor, alegria, paz, magnanimidade, benevolência, bondade, fidelidade, mansidão
e domínio de si" (Gl. 5,22). Esta é a verdadeira liberdade: poder
realmente seguir o desejo do bem, da verdadeira alegria, da comunhão com Deus e
não ser oprimido pelas circunstâncias que nos pedem outras direções.
Você deseja e quer conhecer a Deus? O desejo é
algo profundo, porque é desejo de Deus que cada um de Seus filhos se conheçam e O
conheçam. Porém, o querer é seu, você tem o livre arbítrio, ou seja, a livre
escolha de decidir entre o desejo de Deus (Vontade do Senhor) e o seu querer (sua vontade própria). Por exemplo: Nosso Senhor Jesus Cristo deseja que Seus filhos façam a
Consagração, que se consagrem a Ele por meio de Nossa Senhora, mas a escolha é sua, você
quer ou não quer? O seu sim à Vontade do Senhor dependerá unicamente do seu querer.
Então, o sim à Vontade do Senhor nos liberta; o não, a Sua Vontade nos prende; Contudo somos livres para decidir que caminho trilhar. Parece contraditório, mas
a lógica do Senhor difere da lógica humana. Quando uma alma faz a sua escolha
por Jesus Cristo, ela então se torna verdadeiramente liberta, pois o amor nos liberta, porque amar é bom, e faz bem ao corpo, a alma e ao espírito. Porém,
se a alma escolhe a si, ao seu querer, se torna então, presa pelo seu
egocentrismo, individualismo, egoísmo, orgulho, pois nada sabe do amor, só o Criador sabe o que é bom para os seus, pois Ele conhece a Sua criação, assim
como os pais conhecem seus filhos.
Uma alma que decide escolher a
Deus, essa alma é predestinada ao Amor, é obvio que o querer dela sempre estará
presente, porém o desejo de Deus também. E por meio da consagração com Este
Amor já impresso numa alma que quer a Deus, o Seu desejo, ou seja, o desejo de Deus
falará mais alto, porque essa alma conheceu-se, ou melhor, conheceu ao Senhor
por meio da Santíssima Virgem Maria que lhe mostrou e conduziu para o
Verdadeiro Caminho: Jesus Cristo.
Andréa Lustosa - Missionária e Formadora na Magnificat - Missão Católica de Evangelização