terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Origem da Santa Escravidão




Era na cidade de Paris que a devoção de Grignion devia tomar pleno desenvolvimento e receber forma definitiva: a Santa Escravidão ou dependência total da Mãe de Jesus. 

Este título não era uma novidade. Antes de Montfort, muitos santos o conheciam, praticavam, e ensinavam. 

Montfort é herdeiro do Cardeal de Bérulle, de Condren, Olier, Eudes, Poiré, Boudon, pois estes todos ensinavam a prática da Santa Escravidão.
Todos estes homens, santos e sábios, haviam adotado a palavra do Evangelho: "Formam servi accipiens..." – cf. Mt 20, 28; e as de São Bernardo: "Eu sou um vil escravo, para quem é suma honra ser o servo do Filho e da Mãe"; e estas de Santo Ildelfonso: "Para ser o devoto escravo do Filho, quero ser o escravo fiel da Mãe". 

Montfort foi o último discípulo desta escola de amor ardente à Mãe de Jesus. Recolheu esta sagrada herança, para passar à posteridade através do nevoeiro do jansenismo, que ameaçava tudo invadir.

Como Ele próprio o disse, leu as obras daqueles grandes homens; e pode-se afirmar mesmo, que todos os livros referentes a devoção a Maria Santíssima. 

Conversou familiarmente com todos os grandes santos e sábios da época.
Este estudo e estas relações demonstraram-lhe que não havia outra devoção à Maria comparável à Santa Escravidão; que não havia: "nenhuma devoção que exigisse maiores sacrifícios para Deus, mais renúncia de si mesmo, e unisse as almas mais intimamente a Nosso Senhor; nenhuma, enfim, que fosse mais gloriosa para Deus, mais santificante para a alma, e mais útil ao próximo" (Tratado da Verdadeira Devoção).

Entretanto, a doutrina daqueles autores precisava ser simplificada, e ser apresentada em fórmulas claras e certas, para ficar ao alcance de todos.
Dos diversos elementos colhidos, Montfort eliminou o que era demais abstrato ou indeciso. Escolheu o que lhe servia, e, num estilo alerta, nervoso e colorido, formou o conjunto completo e homogêneo da devoção, o que constitui o seu "Tratado". 

Deste modo, a Santa Escravidão deixou de ser uma simples Consagração, mais ou menos exterior, para tornar-se uma devoção perfeita, sob uma forma admirável, que aperfeiçoa e transforma as almas. Tornou-se verdadeira escola espiritual de santidade.