quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Prece abrasada




..."Peço-vos, ainda, verdadeiros filhos e filhas de Maria, Vossa santa Mãe, que por Ela sejam gerados com amor, levados em seu seio, abraçados ao seu peito, alimentados com o seu leite, nutridos, educados e sustentados com maternal solicitude e repletos de Suas graças.

Peço-vos, por fim, verdadeiros servidores da Santíssima Virgem. Tal como S. Domingos, eles irão por todo o lado, levando a chama luminosa e ardente do Evangelho para iluminar as trevas do mundo, irradiando amor. Levarão consigo o Rosário e pregarão a verdadeira devoção a Maria que será: interior e não hipócrita, exterior e não crítica, prudente e não sem consistência, afetuosa e não insensível, constante e não volúvel, santa e não presunçosa. Com esta arma esmagarão, por onde quer que passem, a cabeça da antiga serpente a fim de que se cumpra a maldição por Vós sentenciada: "Farei reinar a inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta esmagar-te-á a cabeça" (Gn 3,15).

Senhor, tal como profetizastes, o demônio armará graves ciladas ao calcanhar desta misteriosa mulher ou seja, à pequena Companhia de Seus filhos, que surgirão no crepúsculo rio mundo. Haverá grande inimizade entre esta geração bendita de Maria e a raça maldita de Satanás; mas tratar-se-á duma inimizade totalmente divina, a única, aliás, de que sois autor. As lutas e perseguições que os sequazes de Belial moverão aos descendentes de Vossa Mãe, servirão apenas para testemunhar quão eficaz é a Vossa graça, corajosas as suas virtudes e toda poderosa a Vossa Mãe. A Ela, mulher de coração humilde, confiastes a tarefa de esmagar com seu calcanhar a cabeça da serpente orgulhosa.

Meu Deus, não será para mim melhor morrer do que ter de constatar cada dia que sois tão impunemente ultrajado e encontrar-me cada vez mais na eminência de eu vir a ser arrastado por torrentes de iniquidade sempre a crescer? Preferiria mil vezes!... Enviai-me socorro do céu, senão vinde buscar a minha vida. Se eu não tivesse a esperança de que, mais cedo ou mais tarde, acabareis por atender este pobre pecador em benefício da Vossa glória, tal como atendestes tantos outros (SI 34,7), rogar-vos-ia sem hesitar, com um profeta: "Tirai-me a vida" (1Rs 19,4). Mas, a minha confiança na Vossa misericórdia impele-me a dizer com outro profeta; "Não morrerei, antes viverei, para celebrar as obras do Senhor" (SI 118,17), até quando poderei proclamar como Simeão; "Agora, Senhor, podes deixar o Teu servo partir em paz [...] porque os meus olhos viram a Salvação" (Lc 2,29-30)".