São Luís Maria Grignion de Montfort, em seu livro “Tratado
da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, nos fala de Jacó como figura dos
predestinados, em oposição à Esaú, figura dos condenados. A história de Jacó
(cf. Gn 25, 19ss) nos é apresentada por São Luís para que compreendamos como é
a espiritualidade da consagração total a Jesus Cristo pelas mãos da Virgem
Maria (cf. TVD 191ss). Esta comparação de Jacó como figura dos eleitos de Deus
ilumina o nosso entendimento, para sabermos como agradar Jesus e Nossa Senhora.
Jacó estava quase sempre em casa, para merecer a estima de
sua mãe Rebeca, a quem amava ternamente. Quando saía, não era por sua própria
vontade, nem pela confiança em si mesmo, mas para obedecer à sua mãe. Ele amava
e honrava sua mãe, por isso, ficava em casa junto dela. “A sua maior alegria
era vê-la, evitava tudo o que lhe pudesse desagradar e fazia tudo o que julgava
que lhe dava gosto. Tudo isto aumentava o amor que Rebeca lhe consagrava” (TVD
192). O mesmo podemos dizer daqueles que permanecem com a Virgem Maria. Quando
mais estamos com ela e buscamos agradá-la, mais ela nos ama.
Em todas as coisas, Jacó “se mostrava submisso à sua querida
mãe, obedecendo-lhe inteiramente em tudo, prontamente sem demora, e
amorosamente sem se queixar” (TVD 193). Tal submissão reflete a confiança sem
limites na sua querida mãe. Ele imitava, o quanto podia, as virtudes de sua
mãe. “Parece que uma das razões por que permanecia sedentário, em casa, era o
querer imitar a mãe, que era tão virtuosa, e fugir das más companhias, que
corrompem os costumes. Por este meio, tornou-se digno de receber a dupla bênção
de seu querido pai” (TVD 195).
A conduta dos predestinados, dos eleitos de Deus, na vida de
cada dia é semelhante a de Jacó. Estes permanecem em casa com sua Mãe Maria.
Isso significa que estes gostam do retiro, são interiores e se entregam à
oração. Eles fazem isto seguindo o exemplo de Maria, na companhia da Virgem
Santíssima, cuja glória está no interior, pois, durante toda a vida, amou o
retiro e a oração. Os eleitos “aparecem algumas vezes no mundo, mas é para
obedecer à vontade de Deus e de sua querida Mãe, para cumprir os seus deveres
de estado” (TVD 196).
Porém, eles sabem, pela luz do Espírito Santo, que há
muito mais glória, vantagem e prazer em permanecerem escondidos no recolhimento
com Jesus, seu modelo, numa inteira e perfeita submissão à sua Mãe Santíssima.
Os eleitos sabem que estar com Jesus e sua Mãe “vale muito
mais que fazer no mundo, por si mesmos, maravilhas de natureza e de graça, como
tantos Esaús e condenados” (TVD 196).
Pois, a glória de Deus e a riqueza dos
homens encontraram-se na casa de Maria (cf. Sl 111, 3). Como é feliz o homem
que habita na casa de Maria, onde Jesus Cristo foi o primeiro a habitar!
Nesta
morada dos predestinados, que é a Virgem Maria, o homem recebe o socorro de
Deus, que ordena o seu coração para o crescimento nas virtudes, a fim de
elevá-lo à perfeição neste vale de lágrimas.
Jacó é figura dos predestinados à salvação, ao Reino dos
Céus. Como ele, permaneçamos na casa de Maria. Fiquemos unidos a Nossa Senhora
e ao seu Filho Jesus Cristo, no recolhimento e na oração. Pois, dessa forma nos
fazemos submissos e agradamos a ela e ao seu Filho Jesus Cristo. Nesta união
com Jesus e sua Mãe Santíssima está a maior glória de Deus, neste mundo, e a
riqueza dos homens. Sendo assim, façamos a nossa consagração, como ensina São
Luís Maria, para nos unir mais perfeitamente a Jesus Cristo, pelas mãos da
Virgem Maria.
Fonte: Todo Teu