A primeira etapa para se chegar a uma consagração a Virgem
Maria é passar pelo processo da devoção. A
devoção é o caminho do conhecimento, da intimidade e do nosso interesse pela
pessoa de Maria.
Em uma linguagem mais atual, seria como que seguir a pessoa
de Maria, termo muito usado hoje em dia nas redes sociais do twitter e
facebook. Quando falamos que estamos seguindo uma pessoa, estamos ao mesmo
tempo dizendo que estamos interessados naquilo que esta pessoa faz, fala e pensa
que suas atitudes têm ressonância com aquilo que eu sou. Pelo menos este
deveria ser um dos princípios básicos para se seguir alguém nestas redes
sociais. Há pessoas que se importa com números e quantidades, mas saiba que
quando alguém resolve te seguir, significa que esta pessoa está interessada
naquilo que você pensa e é.
A devoção a Virgem Maria nos leva a este interesse do
profundo conhecimento da pessoa de Maria, da sua missão, do seu perfil de mãe e
por tanto, do seu papel de serva e mãe da Igreja.
Então podemos dizer que em nossa caminhada espiritual e
cristã, seguimos Maria porque ela segue Jesus, e seguindo Maria, alcançaremos
mais rápido ainda Jesus, pois ela o alcançou no calvário e por Ele e com Ele,
transcendeu os limites desta vida terrena.
Esta é a primeira etapa para a consagração. Ser devoto,
seguidor de Maria, se apaixonar por ela, por aquilo que ela é, faz e nos
convida a viver. Então, o segundo passo nos levaria mais perfeitamente
conscientes a consagração. Não dá para pular etapa e consagrar-se sem antes
conhecê-la e amá-la. Quanto maior e mais consciente for a nossa devoção maior e
mais perfeita ainda será a nossa consagração.
São Luís Grignion de Montfort afirma que “a mais perfeita
devoção é aquela pela qual nos conformamos, unimos e consagramos mais
perfeitamente a Jesus”. Tratado da verdadeira devoção à SS.ma Virgem, nº 120 de
S. Luís de Montfort Portanto, a devoção e a consagração a Virgem Maria deve
unicamente nos levar a uma maior e mais perfeita consagração a Jesus.
“Maria é de todas as criaturas, a mais conforme a Jesus
Cristo, a que mais conforma uma alma a nosso Senhor”. Quanto mais uma alma se
consagrar a Maria, mais consagrado estará a Jesus Cristo.
O Papa Leão XIII certa vez afirmou que; “toda graça
concedida ao mundo, segue esta tríplice gradação; de Deus a Jesus Cristo, de
Jesus Cristo a Santíssima Virgem Maria e da Santíssima Virgem Maria a todos
nós”. Por tanto, Maria não esta exclusa desta hierarquia no plano de salvação.
Volto a trazer o exemplo do Papa e agora Beato João Paulo
II, que consagrou todo seu pontificado a Santíssima Virgem Maria, confiando a
ela toda sua vida, riquezas, e ministério. “TOTUS TUUS, Sou todo vosso e tudo o
que possuo é vosso. Tomo-vos como toda a minha riqueza. Dai-me o vosso coração,
ó Maria”. Tratado da verdadeira devoção à SS.ma Virgem, nº 216/233 de S. Luís
de Montfort.
Ao consagrarmos a Maria, estamos dando a ela o direito de
passar a frente de toda a nossa vida, nossas escolhas, projetos, sonhos e
decisões. Assim, permitimos que Maria gerencie nossa vida segundo vosso coração
de mãe, que sabe e intui aquilo que é bom para nós e que esteja em plena
conformidade com a vontade de Deus.
Só podemos confiar a nossa vida a alguém se tivermos certeza
que este alguém quer o nosso bem e tem como objetivo nos levar para o Céu. Daí
o sentido da devoção, em conhecê-la, amá-la e segui-la.
É bom dizer também que este culto a Virgem Maria não induz a
nenhum tipo de adoração que ocupe o lugar de Deus, pois somente a Deus devemos
adorar. Tratado da verdadeira devoção à SS.ma Virgem, nº 115 de S. Luís de
Montfort
A Igreja nos ensina que todas as devoções estão dentro de um
termo teológico grego chamado “hiperdulia”, que significa a honra e o culto de
venerações especiais dedicado aos Santos, Anjos e a Vigem Maria no campo da
piedade popular.
A hiperdulia, que está inserido na dulia, que é uma
veneração, diferencia-se muito da latria, que é o culto de adoração prestado e
dirigido unicamente a Deus. Por tanto, o
culto a Virgem Maria é perfeitamente reconhecido pela Igreja e se torna até
obrigatório quando vem indicado pela liturgia.
A consagração é outro termo muito usado no antigo
testamente, que implica uma dedicação integral a algo ou alguém que nos torna
diferentes, para um devido fim. Somos separados apenas na ordem da graça do
meio comum dos homens, porém, no meio dos homens para que a graça que está em
nós possa alcançar a todos. É como a Eucaristia que após ser consagrada se
torna pela ordem da graça o corpo e sangue de Jesus Cristo, sem desaparecer as
características da substancia, pão e vinho. Assim somos nós quando nos
consagramos a Deus ou a Virgem Maria, continuamos com as mesmas características
do homem quanto carne, porém revestidos pela graça da consagração nos tornamos
instrumentos especiais e espirituais com a finalidade de fermentar o meio que
estamos na construção do mundo novo. Os judeus utilizam o termo Kiddushin, que
se refere, entre outras coisas, à santificação pelo casamento, quando o noivo é
separado, exclusivo para a noiva, e vice-versa, e ambos são separados para Deus.
Quando os católicos utilizam a palavra ‘consagrar’, mantêm o
mesmo sentido: “separar”, tornar sagrado, tornar santo, porque pertence
exclusivamente ao Santo que santifica tudo o que lhe pertence, tudo o que
‘toca”.
Então, não tenhamos medo de consagrar toda a nossa vida a
Maria e confiar em suas mãos tudo o que somos, fazemos e pensamos, pois ao fim,
seu Imaculado Coração Triunfará sobre todo mal, porque aos seus filhos coube a
ela a missão de cuidar e entregar a Jesus, sãos e salvos.
Marcelo Pereira - Fonte: Todo de Maria