Todo protestante irá concordar conosco que a vida santa é a
imitação de Cristo, só que nós olhamos para a cruz de Cristo e a gente se
apavora. Se é isso que temos que fazer, nos dá medo. Mas não tenha medo, Mamãe
está aqui. Quantas vezes me levantei durante a noite, assustado no meu quarto e
corri para a cama de mamãe. Todo medo, diz o Papa Bento XVI, é medo de solidão,
de estar só, desamparado. Ela não fazia nada, bastava que ela estivesse
acordada. Ela dizia: deita aqui. Colocava-me entre ela e meu pai, dizendo: não
se assuste com esses sonhos terríveis e satânicos; não se assuste, porque tudo
que Satanás é capaz de produzir na sua vida é só miragem, é só fumaça, não tem
consistência; mamãe tá aqui. Mamãe, a Virgem Maria, está conosco. Entendeu como
é que se faz? Entendeu a escola dos mártires? Entendeu como é simples? Na hora
da tempestade, na hora da agitação, na hora da tragédia, Mamãe está aqui. Você
não está entendendo o motivo do sofrimento, mas Mamãe está aqui, se entregue.
Esse é o método de Deus.
Mas, não podemos recorrer diretamente a Deus?
Ele poderia fazer isso diretamente, é claro, mas a limitação
não é de Deus, é nossa. Nós é que somos marcados pelo pecado original e temos medo.
A limitação é nossa. Então, por causa deste limite, o jeitinho da Mãe vai nos
dando docilidade até o martírio. Aceite a sua cruz, não vai ser ruim, vai ter
ressurreição. Ela vai confirmando a fé, porque ela foi a única que permaneceu
de pé. Enquanto todos descreram, deixaram de crer, ela continuou crendo. Mesmo
recebendo o cadáver do seu Filho Jesus, que era o total desmentido da profecia,
na qual o anjo havia dito: “o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi” (Lc 1, 32).
Ele estava ali, não sentado, mas deitado. Não no trono, mas no colo dela. Não
vivo e reinante, mas morto e derrotado. Lá estava a total refutação, o total
desmentido feito carne. O ateísmo se fez carne naquela Cruz. No entanto, ela
continuou acreditando na promessa, ela continuou firme, não se abalou, mas
continuou crendo.
Nesse sacrifício de fé, veja meu irmão protestante, você que
crê na salvação pela fé, nesse sacrifício de fé, a fé mais perfeita foi desta
mulher. Posso dizer isso porque Jesus se fez homem, mas é, em primeiro lugar,
Deus. Então, a fé mais perfeita foi a de Maria. Na ordem da fé e da graça,
quando o total desmentido da profecia de Deus estava nas suas mãos, ela
acreditou na promessa até o fim. Esta fé inabalável, que nos é dada quando nos
tornamos filhos pequenos nos seus braços, ela diz: Padre Paulo, sua fé não
presta para nada, sua fé é tão pequenina e miserável, mas confia em mim, eu
creio com você, eu creio por você, entregue tudo para mim e eu crerei no seu
lugar, entregue tudo para mim.
Assim como o Filho foi gerado no ventre de Maria, o Filho
será gerado em nós no ventre de Maria, afirma São Luís Maria, no seu Tratado da
Verdadeira Devoção, que trata da consagração total a Virgem Maria. O caminho de
Deus é sempre o mesmo, não muda. Nós vos louvamos e bendizemos por esta Mãe que
nos destes, para nos livrar dos medos que temos por causa do pecado original.
Obrigado Senhor por tudo que realizais em nossa vida. Obrigado Senhor pela
vossa graça, por tudo que realizastes nela e realizareis em nós.
Padre Paulo Ricardo