Cada vez que nos colocamos em oração, colocamo-nos na
presença do Senhor. Cada vez que pensamos no cenáculo do Senhor, pensamos em
Maria, que era cheia do Espírito Santo e só pôde concebê-Lo, porque recebeu
esse mesmo Espírito.
Sou um sacerdote de Cristo e da Igreja, e aprendi, ainda em
casa, uma devoção muito grande à Nossa Senhora, porque se me faltou a presença
de pai, a presença de mãe eu tive em abundância.
Minha mãe, antes de sair de casa, consagrava-me à Nossa
Senhora e pedia para que Ela cuidasse de mim. E quando eu sentia muito a falta
de minha mãe, eu perguntava à Virgem Maria: "Onde está a minha mãe"?
Nossa senhora sempre cuidou de mim, do que eu sou hoje e também de minha mãe,
pois muitas vezes, eu pedia a ela: “Nossa Senhora, cuida da minha mãe!”
Nós não podemos ter medo de amar Nossa Senhora, ao
contrário, precisamos amá-la muito, e descobrir o lugar de Maria no coração de
Cristo. Ela é uma mulher mortal que se fez inteiramente serva do Senhor. Para
estarmos também perto de Deus precisamos de referência, de exemplos, e a nossa
melhor referência, assim como a de Jesus, é Maria, pois Ela é a escola, onde
Nosso Senhor aprendeu a andar, falar, ler, escrever... Foi na "escola de
Maria" que Jesus tornou-se gente.
Não temos uma escola melhor, – para educar nossos filhos –,
do que a escola da Mãe de Jesus Cristo! No dia em que fui ordenado padre, pedi
que o Senhor me desse a graça de celebrar a minha primeira Missa no Santuário
de Sua Mãe. Cresci aprendendo a amar Maria e, como sacerdote não poderia ser
diferente. E, hoje, quero crescer cada vez mais no extraordinário amor à Maria.
No seminário, eu conheci a vida de dois santos e me
questionava sobre qual era o segredo deles: o primeiro, foi são Maximiliano
Kolbe, que deu a vida por um pai de família, durante a Segunda Guerra Mundial,
porque durante a guerra, quando um prisioneiro fugia, os soldados nazistas
matavam dez pessoas para compensar a fuga dele. Os dez foram, então,
escolhidos, mas um homem, desesperado, disse que não podia morrer, porque tinha
filhos para criar e não podia deixá-los sozinhos e tinha esperança de que ainda
os encontraria. Então, um padre, no meio da multidão, ofereceu-se para morrer
no lugar daquele pai. Os soldados nazistas aceitaram a troca, e na véspera da
Assunção de Nossa Senhora, deram-lhe uma injeção letal e, este foi para junto
de Maria.
O padre Kolbe, quando ainda era criança, viu Nossa Senhora
com duas coroas na mão, uma branca e outra vermelha. Ela perguntou-lhe qual
destas ele queria. Raimundo, assim era seu nome de batismo, disse que queria as
duas. A coroa branca significava a pureza e a castidade; a outra, o martírio.
Padre Kolbe dizia que tudo o que fazia era por Maria e para
Maria. Ele fundou os 'Cavaleiros da Imaculada' e, assim, o seu apostolado
espalhou-se pelo mundo, difundindo a sua fé.
O outro santo, que conheci na época, foi João Paulo II,
aquele homem mariano, totalmente de Deus e da Igreja, plenamente entregue à
Virgem Maria. Ela também deu duas cruzes ao Papa. A primeira era a cruz da
pureza, da castidade, e a segunda, de uma forma diferente de martírio, era a do
martírio da verdade.
Quando entrei no seminário, descobri o segredo de Maria, ao
qual eu tanto procurava, num pequeno livro, que durante muitos anos ficou
sumido. Um livro extraordinário que nos revela o verdadeiro amor de Maria:
"O Tratado da Verdadeira Devoção à Nossa Senhora", o qual foi escrito
de forma consistente e singular, por São Luís Maria Grignion de Montfort e que conseguiu reunir num único lugar tudo o
que a Igreja tentava explicar sobre a Mãe de Deus.
Foi desse livro que o padre Kolbe tirou toda a sua Devoção à
Virgem Maria. Nela, o Espírito Santo tornou-se fecundo. É Ele quem produz Jesus
no seio de Maria. Devemos nos curvar diante desse fato. Foi o Senhor quem
escolheu Maria. Deus Pai juntou todas as águas e formou o mar, assim também,
reuniu todas as Suas graças e a denominou Maria, a graça sublime de Deus para
toda a humanidade.
Para Deus não foi impossível colocar o Seu Filho no ventre
de Maria. E se não é impossível para o homem, cheio de pecado, ser tomado por
grande graça, vemos em Maria algo extraordinário, lindo demais.
Diga comigo: "Eu quero ser todo de Deus e quero que a
minha vida seja toda entregue a Ele, por isso, entrego-me à Maria. Quero ser da
sua escola, quero aprender a ler de novo, a andar novamente, a falar as
palavras benditas que Nossa Senhora ensinou a Jesus. Eu quero dizer: mamãe,
quero estar em seus braços e ser amamentado por ti, porque a minha vida está
precisando de "vitamina" do céu. Assim como a Senhora está cuidando
da Igreja, cuida também de mim, porque eu quero ser todo seu, Maria".
Maria teve Jesus na Terra, agora Jesus tem Maria no céu.
Padre Roger Araújo