Somente um coração consagrado totalmente a Jesus Cristo
encontra a verdadeira alegria. Depois da entrada messiânica de Jesus em Jerusalém, ao olhar
para a Cidade Santa, Ele começou a chorar: “Quando Jesus se aproximou de
Jerusalém e viu a cidade, começou a chorar” (Lc 19, 41). Ele lamentou pela
cidade que seria destruída, mas seu maior pesar foi pelos filhos e filhas de
Jerusalém. Cristo não foi bem aceito pelos habitantes da Cidade, como fora
aceito em outras localidades. Por isso, o Mestre lamenta a recusa daquele povo
dizendo: “Se tu também compreendesses hoje o que te pode trazer a paz!” (Lc 19,
42).
No meio daquele povo, havia pessoas que acolheram com festa
a entrada de Jesus na Cidade Santa (cf. Lc 19, 37), mas também havia aqueles
que se recusavam a glorificar a Deus pela vinda do Salvador do mundo (cf. Lc
19, 39). Dentro de nós também acontece o mesmo, pois por vezes nos encontramos
com o coração dividido. Às vezes nosso coração acolhe com alegria o Senhor,
louvamos e agradecemos a Deus pela sua vinda até nós. Porém, noutras ocasiões,
nos encontramos com o coração frio, indiferente a Cristo. Em alguns momentos,
nosso coração é todo de Jesus, mas em outros, ele está tomado por tantas outras
coisas que não há espaço para o Senhor. O próprio Jesus repreende Marta por causa
de sua indignação com sua irmã Maria, que estava com Ele (cf. Lc 10, 41-42).
Na prática, como viver com este coração dividido entre o
Senhor e as coisas e preocupações próprias deste mundo? O segredo para viver
bem neste mundo, ainda que tenhamos que conviver com esta divisão, é ter o
coração cheio do Espírito Santo. O maior exemplo disso é a Virgem Maria, que
foi chamada pelo Anjo de cheia de graça (cf. Lc 1, 28). Na sua visita à Isabel,
ao ouvir a saudação de Maria, sua prima ficou cheia do Espírito Santo (cf. Lc
1, 42). Nossa Senhora consagrou-se inteiramente a Deus, por isso seu coração
foi pleno do Espírito Santo.
O coração da Virgem Maria, apesar de plenamente humano,
tornou-se totalmente conformado à vontade do Pai pela ação do Espírito Santo.
Ela deixou-se conduzir pelo Espírito, fazendo-se serva do Senhor (cf. Lc 1,
38). Ainda que em muitos momentos não compreendesse os desígnios do Senhor, ela
guardava tudo no coração (cf. Lc 2, 51), pois este estava cheio de Deus. Mesmo
quando teve seu coração transpassado de dor, ela estava em paz, pois estava
cheia do Espírito de Deus.
Aprendamos de Nossa Senhora a ter um coração cheio do
Espírito Santo, que se coloca a serviço de Deus, pois somente assim venceremos
os apegos deste mundo. Quando nos colocamos como servos, consagrando-nos
inteiramente a Jesus, pelas mãos de Maria, ainda que tenhamos nosso coração
dividido, aos poucos este vai se tornando cada vez mais do Senhor. Isso faz com
que o próprio Cristo, ao invés de chorar como aconteceu quando avistou Jerusalém,
se alegre em nós. A alegria de Jesus em nosso interior é a certeza de que um
dia Ele reinará plenamente em nosso coração e a nossa alegria será completa
(cf. Jo 16, 24).
Fonte - Canção Nova
Fonte - Canção Nova